As canções de amor de
e. e. cummings
Um livro para ouvir
Um dos poetas mais expressivos do séc. xx, e. e. cummings segue fascinando gerações com sua poesia objetiva e sua sintaxe singular. Arrebatados pela musicalidade dos versos do poeta americano, abraçamos o desafio de traduzir e verter em canções uma parcela preciosa da obra de cummings: seus poemas de amor. Nascia assim a presente obra: o compacto-livro 4 songs of love (Quatro poemas de amor). Quase sempre lembrado pelo experimentalismo tipográfico de sua poesia, Cummings acessa o lirismo através de uma significativa concisão, fazendo ideias e palavras jogarem no papel em pé de igualdade, guiando o leitor por múltiplos sentidos, atraídos pela espacialidade dos poemas. Com traduções e arranjos minimalistas, este compacto-livro toma essa mesma concisão como tônica. Gravado no Estúdio Algaravia, a produção contou com participações da poeta Natalia Barros, do compositor Gabriel de Almeida Prado e da cantora Amanda Temponi. As canções, disponíveis nas principais plataformas digitais, também podem ser acessadas apontando a câmera do celular para leitura dos QR Codes impressos nesta plaquete ou através do site do Selo Cobalto. É de fundamental importância ressaltar o papel central do poeta Augusto de Campos na tradução e difusão para o público brasileiro da obra de e. e. cummings. A ele é dedicado este compacto-livro.
Breve nota sobre o autor
Edward Estlin Cummings, que sempre assinou E. E. Cummings ou e. e. cummings (em caixa baixa), nasceu em 14 de outubro de 1894, em Cambridge, Massachusetts. Em 1923, publica seu primeiro livro de poemas, Tulips and Chimneys. Em 1925, publica XLI Poems e, no ano seguinte, is 5. Sua primeira incursão no teatro, Him, estreou em 1928, em Nova Iorque. Em Paris, em 1931, Cummings decidiu conhecer a URSS, partindo para Moscou, levando uma carta de apresentação de Aragon para Lília Brik. O resultado dessa viagem resultou na publicação de uma prosa experimental: Eimi (em grego, “eu sou”). Ainda nesse ano publica W(ViVa), poemas, e faz a sua primeira exposição, lançando CIOPW (charcoal, ink, oil, pencil, watercolor), livro de desenhos e pinturas. Em 1935, escreve Tom, roteiro para um balé inspirado na “Cabana do Pai Tomás”, e publica (às expensas de sua mãe) um livro de poemas que os editores haviam recusado: no thanks. Em 1938, surge a primeira antologia de sua obra poética até então, Collected Poems. Seguem-se, em 1944, mais um livro de poemas, 1X1, e, em 1946, mais uma peça, Santa Claus. Voltou à poesia com XAIPE, em 1950, mas a mais completa coleção de seus poemas vem a ser editada em 1954, um grosso volume de quase 500 páginas: Poems 1923-1954. Seu último livro publicado em vida, 95 Poems, aparece em 1958. Cummings morreu em 3 de setembro de 1962, em Madison (New Hampshire), de um ataque cardíaco. No ano seguinte, sairia uma coleção de seus últimos poemas inéditos: 73 Poems.
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Leia enquanto ouve as canções
01. O Amor é um Lugar
o amor é um lugar
& através deste lugar de
amor movem-se
(com fulgor de paz)
todos os lugares
sim é um mundo
& neste mundo de
sim vivem
(habilmente juntos)
todos os mundos
Love is a Place
love is a place
& through this place of
love move
(with brightness of peace)
all places
yes is a world
& in this world of
yes live
(skilfully curled)
all worlds
Voz: Amanda Temponi
Voz: Amanda Temponi
02. Amar é mais Denso que Esquecer
amar é mais denso que esquecer
mais tênue que lembrar
mais raro que fluida a onda pode ser
mais frequente que falhar
é mais louco e mais lunar
e menos não deve ser
que todo o mar que só é
mais fundo que o mar
amar é menos que ganhar
e nunca menos que viver
nem imenso que o menor começo
demais pequeno que perdoar
é mais sensato e intenso
e mais não morre ou finda
do que todo o céu que ainda
é mais alto que o céu imenso
Love is more Thicker than Forget
love is more thicker than forget
more thinner than recall
more seldom than a wave is wet
more frequent than to fail
it is most mad and moonly
and less it shall unbe
than all the sea which only
is deeper than the sea
love is less always than to win
less never than alive
less bigger than the least begin
less littler than forgive
it is most sane and sunly
and more it cannot die
than all the sky which only
is higher than the sky
Voz: Daniel Medina
Voz: Daniel Medina
03. Lua Só No Céu
no céu
azul da
noite
querente d’águas
frementes,
cego de silêncio o
unduloso céu anseia onde
in tensas inestrelas
ungem com ardor
o amareloamor
ergue–se no mudo negror
esbelto
e
urgente
(outra vez
amor eu lento
colho
no langar da tua boca a
elétrica
flor)
There is a Moon
there is a
moon sole
in the blue
night
amorous of waters
tremulous,
blinded with silence the
undulous heaven yearns where
in tense starlessness
anoint with ardor
the yellow lover
stands in the dumb dark
svelte
and
urgent
(again
love i slowly
gather
of thy languorous mouth the
thrilling
flower)
Voz: Natália Barros
Voz: Natália Barros
04. Se Estranhos se Encontram
a vida começa–
nem pobre nem rica
(apenas conscientes)
nem amáveis
nem cruéis
(apenas suficientes)
Eu não você não
não possivelmente;
na verdade
–sinceramente, uma vez
se estranhos (que
no fundo somos
nós)se tocam:
eternamente
(assim tão noturnos)
If Strangers Meet
life begins–
not poor not rich
(only aware)
kind neither
nor cruel
(only complete)
i not not you
not possible;
only truthful
–truthfully, once
if strangers(who
deep our most are
selves)touch:
forever
(and so to dark)
Voz: Gabriel Almeida
Voz: Gabriel Almeida