O Selo Cobalto
O nome Cobalto tem origem no antigo vocábulo alemão kobold, derivado do proto-germânico Godbald, que é formado pelas palavras Gott (Deus) e bald (desobediente). Na Idade Média, os mineiros germânicos acreditavam que os demônios das minas, espécie de espírito (kobold) maligno, roubavam-lhes a prata e deixavam no lugar o cobalto. Quando o metal foi identificado, no século XVIII, recebeu o nome Cobalto graças a essa lenda. Seu uso, porém, foi detectado, por especialistas, em cerâmicas egípcias e vidros persas do terceiro milênio a.C., nas ruínas de Pompéia (79 A.C.), em porcelanas chinesas da dinastia Tang (618-907). Um dos registros mais antigos do cobalto foi encontrado na tumba do Faraó Tutancâmon (1361 – 1352 a.C), que continha um pequeno objeto de vidro colorido de azul.
O cobalto (Co, de número atômico 27) é um metal de transição, ferromagnético, obtido como subproduto da mineração do níquel e ferro. Embora utilizado há séculos para se obter tonalidades especiais de azul, o processo de purificação do pigmento Cobalto é muito recente. O minério bruto tem uma cor azul esverdeado, um pouco escura. É triturado até virar pó, calcinado e umedecido com vernizes para ser utilizado.
O azul cobalto é uma cor muito especial, de difícil reprodução e repetibilidade. Por isso, é mais comum em obras de arte e artesanato tradicional, como a cerâmica e o azulejo português (aliás, o nome azulejo é derivado da palavra azul, de origem persa). Na tipografia da primeira metade do séc XX, o azul era chamado pelos impressores de azul cobalto. E justamente dessa tradição, o poeta João Cabral de Melo Neto, tipógrafo de primeira grandeza, antes de tornar-se o “engenheiro da linguagem”, imprimiu o nome Cobalto num livro em formato plaquete, do poeta catalão Joan Brossa, que editara em 1949, impresso numa pequena máquina tipográfica que havia comprado quando viveu em Barcelona. O nome foi usado como se fosse o de uma editora, porém Cabral nunca mais o utilizou.