Seis baladas da dama é uma seleção de baladas das Cent ballades d’amant et de dame [Cem baladas do amante e da dama], de Christine de Pizan, cuja frequência de tradução foi encontra no próprio imaginário da música brasileira. Trata-se dos primeiros resultados de um ensaio tradutório da voz posta em prática por Pizan, a saber, uma dama que reluta em aceitar as galanterias de um amante. A obra, cuja finalidade pedagógica era alertar as mulheres mais jovens, dispõe de um rigor que não passou desapercebido no tempo da autora.
Seis baladas da dama é um título inseparável do gesto de traduzir para o português brasileiro o engenho poético de uma autora que merece ser mais conhecida no país.
Sobre a autora
Christine de Pizan (Veneza, 1363 – Poissy, circa. 1430) foi uma poeta e filósofa de origem italiana que viveu na França durante primeira metade do século XV. Tinha quatro anos de idade quando se mudou com a família para Paris, onde seu pai foi nomeado astrólogo-astrônomo-médico do rei Carlos V, em 1368. Em 1380, casou-se com Etinenne de Castel, secretário da chancelaria do rei, e com ele teve dois filhos e uma filha. A morte inesperada do marido em 1390, pouco depois do falecimento de seu pai, é o evento marcante na vida da autora. Viúva, viu-se obrigada a encontrar meios para o próprio sustento e o de sua família. A partir do luto da morte do seu marido, Pizan começou a escrever poesia, o que lhe rendeu uma significativa atenção na corte. Em um de seus textos autobiográficos, Le livre de l’Advision Christine, a personagem Filosofia lembra Christine que se ela não tivesse ficado viúva, não teria se dedicado aos estudos e à escrita, publicando no espaço de vinte anos mais de trinta livros, mas se ocupado exclusivamente de responsabilidades domésticas. Além disso, no Livre de la Mutacion de Fortune, ela evoca a tarefa social de devir-homem para recuperar os bens que lhe foram desviados. Pizan também foi editora e se envolveu diretamente na confecção de seus livros: orientava copistas e artistas para ilustrar seus manuscritos. Ela mesma foi copista e criou edições dedicadas a potenciais mecenas, buscando segurança financeira e renome. Ela é considerada a primeira mulher escritora profissional no ocidente. Em 1394, começou a escrever uma obra que seria intitulada Livre des cent ballades, sob a encomenda das esposas dos príncipes. O livro teve boa aceitação na época. Em 1401, iniciou suas obras anti-misóginas, criticando o poema Le roman de la rose, que, segundo ela, era infundado e servia apenas para denegrir a função natural e própria da sexualidade feminina. Por criticar a misoginia presente no meio literário da época e defender o papel das mulheres na sociedade, Christine de Pizan pode ser considerada nos dias de hoje, uma precursora do feminismo moderno.