Era bissexual, apaixonou-se pelo enteado. E foi mimóloga. Viajou pela França com uma peça em que atuava com outra mulher e beijavam-se em palco; eram vaiadas e execradas em algumas cidades. Proust adorava-a. Jean Cocteau idem. Simone de Beauvoir considerava-a uma “monstra sagrada”. Julia Kristeva escreveu 3 tomos sobre ela. Foi diretora da Academia Goncourt, na maioria homens. Sua obra é composta por 3 volumes, na Plêiade. Ficou mundialmente conhecida pelo filme Gigi (com Audrey Hepburn), baseado em obra sua. Quando morreu, a igreja católica francesa se recusou a fazer as exéquias. Coube ao Estado francês homenageá-la. Nos 150 anos do seu nascimento, e 70 da sua morte, a escritora francesa, Colette, continua a arrebatar a admiração de gerações, sobretudo pela sua ousadia ao suplantar os preconceitos e impor a sua voz libertária. A Cobalto acompanha esse movimento e lança nova tradução do seu clássico, Querido (Chéri).
Sobre a autora
Nascida em 1873, Sidonie Gabrielle Colette arrebatou o sucesso com a série – Claudine –, escrita por ela, mas publicada sob a autoria do marido que a obrigava a escrever tais obras. Após se ver livre do casamento, aos poucos arrebatou a admiração e o respeito do público, já assinando com o nome que a tornou amplamente afamada, e a capacidade de romper tabus e desfazer preconceitos. Publicado em 1920, Querido segue essa característica ao tratar do tema da sedução amorosa entre uma cortesã de meia-idade e um jovem de vinte anos, e o retrato, por vezes irônico, que reproduz da sociedade francesa. Este livro já ganhou uma versão para o cinema, sob a direção de Stephen Frears (2010), com a atriz Michelle Pfeifer. E a vida da escritora foi reproduzida na cinebiografia, Colette (2018), com a atriz Keira Knightley encarnando a autora. Colette faleceu em 1954, em Monte Carlo, aos 81 anos. Apesar de ter sido consagrada pelo público, ainda após a sua morte foi alvo de intolerância, pois a igreja católica recusou celebrar o serviço religioso. Coube então ao Estado francês fazer-lhe as honras. “Às oito horas da noite, Colette falece em seu leito vislumbrando os jardins do Palácio Real. Após as homenagens do Estado, foi enterrada no cemitério Père-Lachaise. O cardeal de Paris, Feltin, escusara de fazer o rito católico”.